O prognóstico sobre o período chuvoso de 2014 foi feito e as ações
emergenciais para evitar um colapso de abastecimento anunciadas. Mais
uma vez. Durante 11 anos (2003-2013), foram seis quadras chuvosas abaixo
da média no Ceará, três apenas nos últimos quatro anos (ver quadro).
Hoje, dos 144 açudes cearenses, 59 não têm sequer 10% de volume d’água. A
distância entre a água e quem precisa dela pode até ser reduzida por
adutoras e carros-pipa. Mas até quando, se diferente de anos anteriores,
a sequência de seca não deu fôlego aos reservatórios do Estado?
Entre os 184 municípios do Estado, Fortaleza está livre de problemas
com água, afirmam os órgãos de controle e monitoramento hídrico. Isso se
explica pelo fato de o abastecimento ser oriundo de reservas como o
Castanhão, que está com 39% de volume, e o açude Orós, com 49%. A
possibilidade de racionamento é mínima, de acordo com o chefe de
monitoramento de recursos hídricos do Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (Dnocs), André Mavignier. “Apenas em junho – após a
quadra chuvosa – teremos uma previsão sobre a possibilidade de danos à
Capital. Mas precisamos começar a economizar água”, orientou.
A recomendação de André já virou regra em algumas cidades do
Interior. Na maioria, já não é mais nem opção. A paisagem de secura tem
em seu cenário a diminuição visível e rápida dos açudes, o que desperta a
preocupação sobre a vazão das adutoras emergenciais implantadas, que
chegam a transferir até 62,5 litros de água por minuto. André reconheceu
que os sistemas podem significar risco de esvaziar o que ainda se tem.
“É uma solução rápida, porque para perfurar poços precisa achar um local
e esperar que a água tenha qualidade. Corre o risco, mas se a gente não
tirar, o sol faz isso pela evaporação”, frisou.
Açudes e adutoras
Em agosto do ano passado, as águas do açude Flor do Campo (município
de Novo Oriente) passaram a ser transferidas para o açude Carnaubal, que
abastece Crateús através de uma adutora emergencial. O reservatório que
hoje socorre a cidade está com 3,9% dos 105 bilhões de litros que pode
armazenar (hoje tem 4,1 bilhões).
De acordo com dados do Portal Hidrológico do Ceará, em cinco meses,
as perdas com a transferência de água e evaporação no Flor do Campo
foram de 9 bilhões de litros. Nos períodos dos cinco meses anteriores à
construção da adutora emergencial, o mesmo açude perdeu apenas 4,2
bilhões de litros.
Já o açude Carnaubal, beneficiado pela medida, foi aumentando de
volume a partir de agosto (quando tinha 0,4% do total) e chegou a ter 3%
do volume nos primeiros dias de outubro. Desde então, a água vem
minguando. Até ontem, os dados apontam o nível de 1,6% para o
reservatório. O que significa que hoje ele guarda 1,2 bilhão dos 80,6
bilhões que comporta.
Em maio de 2013, outra adutora passou a transportar 30,10 litros de
água por segundo do açude Missi para a cidade de Amontada, a 157 km da
Capital. Desde então, o volume do reservatório passou de 40,1% para
24,91%, conforme informações do Portal. Medida de urgência, as adutoras
são sinonímias de alento para alguns municípios e alvo de robustos
investimentos do poder público.
Saiba mais
O prognóstico do período chuvoso do Ceará, entre fevereiro e abril,
foi divulgado ontem. As chances de o Estado apresentar precipitações
abaixo da média são de 40%.
Na categoria considerada média, a probabilidade é de 35%. Já quando
consideramos as chances de ter um trimestre com chuvas acima da média, o
percentual cai para apenas 25%.
Dos 144 açudes cearenses, 122 estão com volume inferior a 30%, 59
estão com menos de 10% e apenas um (o Gavião) tem volume superior a 90%.
Fonte: O POVO
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
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