A lentidão da Justiça brasileira pode fazer com que cerca US$ 28
milhões que estão bloqueados na Suíça acabem retornando aos bolsos de
condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e quadrilha no caso que
ficou conhecido como "propinoduto", que envolvia fiscais das receitas
federal e estadual do Rio de Janeiro, entre eles Rodrigo Silveirinha -
ligado aos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho.
As
autoridades suíças enviaram um ofício ao governo brasileiro, datado de
17 de maio deste ano, cobrando uma definição do caso, que já dura uma
década. Alertaram que, pela lei suíça, esse é o prazo-limite para reter o
dinheiro no país e que sem uma decisão final da Justiça terão de
liberar os recursos para saque dos donos originais das contas bancárias.
O Ministério da Justiça repassou o alerta ao Ministério Público
Federal que, na semana passada, ingressou com um pedido de "prioridade
de julgamento" do recurso. Há quatro anos, o processo vai de um gabinete
a outro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sem que seja apreciado.
Já passou pela mão de cinco diferentes relatores, sendo que o último, a
ministra Assusete Magalhães, está com o caso há apenas dois meses. Mesmo
que seja julgado imediatamente pela turma da qual faz parte a ministra
relatora, os quase 70 volumes terão ainda de passar pela análise dos
ministros do Supremo Tribunal Federal.
Em Berna, fontes no governo suíço admitem que não entendem a demora
da Justiça brasileira. Em Brasília, os procuradores se sentem
frustrados, mas não falam oficialmente do caso. O Ministério da Justiça
não deu qualquer posicionamento à reportagem. Já o STJ, questionado
institucionalmente sobre a demora dos processos que chegam à casa, não
fez qualquer comentário.
Essa não é a primeira vez que a demora da Justiça brasileira ameaça
derrubar todo um processo de investigação e bloqueio de recursos. A
família do deputado Paulo Maluf também teve contas bloqueadas, em 2001.
Dez anos depois, por falta de julgamento, a Suíça ameaçou liberar os
recursos. O Brasil conseguiu manter o dinheiro congelado, demonstrando
que as investigações ainda estavam em curso.
Fonte: O Estadão
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