sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DESERTIFICAÇÃO


A partir de convênio com o Dnocs, órgão vai identificar áreas vulneráveis e formas de conter a desertificação

Fortaleza. Até dezembro deste ano, técnicos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) devem entregar o Zoneamento Ecológico-Econômico de Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASDs). Um convênio foi assinado entre a Funceme e o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), para que este possa traçar ações de combate à desertificação a partir da base de dados fornecida pelo estudo.

O levantamento, que será iniciado a partir de fevereiro, vai contemplar nove municípios do Interior do Ceará: Irauçuba, Itapagé, Sobral, Canindé, Santa Quitéria e Miraíma, na região Norte do Estado, além de Tauá, Independência e Arneiroz, na região dos Inhamuns. As áreas foram escolhidas levando em consideração o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação (PAE-CE).

Há cerca de 20 anos, a Funceme já vem trabalhando, por meio de estudos e pesquisas básicas aplicadas, na identificação de áreas vulneráveis do semiárido, susceptíveis à desertificação tanto por fatores climáticos quanto pelo uso e ocupação humanos. O zoneamento visa gerar instrumento legal de ordenamento territorial que resulte na melhoria da qualidade de vida da população dessas regiões, aliada à manutenção da capacidade produtiva dos recursos naturais em bases sustentáveis.

Trabalho conjunto

De acordo com Margareth Carvalho, gerente do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Funceme, o trabalho realizado pela equipe vai contemplar tanto o conhecimento dos territórios vulneráveis em processo de desertificação quanto uma análise sócio-econômica das populações que vivem e atuam nessas áreas. Para isto, serão envolvidos tanto técnicos da Funceme quanto pesquisadores de outras áreas para realizar o zoneamento.

"Queremos colher subsídios para que essas áreas não cheguem ao processo final de desertificação, tonando-se uma terra estéril. Mas para isso a população não pode ficar de fora do processo, tanto porque em parte ela é responsável pela degradação quanto pelo fato de que é a partir do trabalho com essas comunidades que se pode encontrar alternativas de uso sustentável. Para preservar, as áreas não precisam permanecer intocadas, mas sim exploradas dentro de parâmetros de sustentabilidade", analisa.

Segundo ela, serão realizadas oficinas nas comunidades onde haverá o zoneamento a fim de saber como as pessoas lidam e as formas de exploração do ambiente. "Pela experiência nos estudos dessas áreas, acreditamos que ainda é possível reverter o processo, desde que sejam adotadas novas formas de manejo e medidas para recuperação do ambiente".

Fatores de degradação

Orçados em R$ 667 mil, os estudos são focados nas características e no conhecimento das vocações naturais de um território e na capacitação de suporte dos meios físicos, biológicos e antrópico. Em áreas como do semiárido, em que 92% do território cearense está inserido, as características do solo e do clima, quente e seco, favorecem o processo de desertificação nessas áreas. Para Margareth Carvalho, a nossa região é caracterizada por práticas que exaurem os recursos naturais do meio.

"O uso intensivo da terra, o sobrepastoreio (com a presença de rebanhos em quantidade acima do que o meio pode suportar), o desmatamento, as queimadas, o extrativismo de lenha são alguns desses fatores, principalmente num meio vulnerável como o nosso semiárido. Até mesmo a irrigação, quando realizada sem o devido cuidado técnico, pode provocar a salinização do solo, o que leva a que não nasça mais nada no local", explica a gerente de Meio Ambiente da Funceme.

A expectativa é de que o estudo permita a identificação e a intensidade dos principais fatores que levam à desertificação, a fim de que o Dnocs possa elaborar estratégias para potencializar o uso dos recursos do meio sem degradar o ambiente.

Participação

"Para reverter a desertificação, as comunidades não podem ficar de fora do processo"
Margareth Carvalho
Gerente de Rec. Hídricos e Meio Ambiente - Funceme

MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme)
(85) 3101.1088
www.funceme.br

Nenhum comentário: